O rio que antes o mesmo fluxo seguia,
Agora não se sabe onde vai desaguar,
Agora o que se sabe nessa vida
É que é necessário esperar.
Com suas épocas o rio segue,
Enche e esvazia conforme a estação,
Seca quando lhe apetece,
Transborda se a chuva faz uma aparição.
À medida que as nascentes secavam
Secavam também os que do rio nutriam,
Morriam os peixes que lá nadavam,
Morriam os homens que os comiam.
E tudo que do rio agora existe,
Desaguou em mares e oceanos,
Não resta nem uma gota, triste
À chorar de volta o rio nesse ano.
Outras leis dominam no alto mar,
A maré leva, as ondas quebram,
O mar foi feito para se lutar e desbravar,
Para deixar em casa os navegadores que sossegam.
Mas às vezes as ondas que afogam,
Também te devolvem à costa,
Às vezes as águas que amparam
Deixam a alma exposta.
Às vezes o que a maré levou,
Ela também traz de volta,
Mas várias vezes nada retornou
Dessa triste escolta.
Rio e mar,
Remar por ambos irei
Até cansar e me afogar,
Pra renascer na mesma nascente
Cujo rio eu sequei.
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