Uma lágrima aqui, outra acolá,
Uns suspiros abafados pelo travesseiro
E uns desabafos com um bicho de pelúcia.
Um silêncio dentro dela que talvez só ela entenda,
Uma necessidade de se sentir forte, de não precisar de ajuda.
Uns livros semi-lidos espalhados pelo quarto,
Seus anti-depressivos na estante
E seus calmantes escondidos para a hora de dormir.
Seus problemas empilhados aos montes,
Debaixo do tapete, do travesseiro e atrás das cortinas.
Recusando-se a abrir demais a válvula de escape,
Com medo de alguém ver o quanto ela descarrega por aí.
E por quê tanta tristeza? Pra quê tanto refúgio?
Quando tantas pessoas te oferecem os braços abertos à consolos e abraços,
E tu, que tantos braços ficas a recusar,
Acaba por preferir o teu,
Mas o consolo que tu preferes não é carinho, não é amor,
Teu braço te consola apenas com dor.
E eu pergunto novamente... Pra quê? Por quê?
Por que tantos algodões manchados de sangue no lixo?
Por que tantas cicatrizes espalhadas por um corpo já desmoronado?
Se você gosta de algo pra cortar... Por que você não me corta?
Na verdade... Você já quase o faz.
Quando você se corta, não vê que está cortando também todos que se importam?
Você não vê que é o meu sangue que você está limpando?
Se for pra ser assim, por que não cortar diretamente o meu?
Deixa que pra teus cortes eu guardo beijos,
Deixa que pra teu sangue eu dou o meu.
Só deixa eu te convencer a abrir um pouco dessa tua válvula de escape prestes a explodir.
Deixa eu pegar uma vassoura e uma pá e fazer uma faxina nesse quarto,
Nesse corpo desmoronado que um dia foi um castelo,
Nessa pessoa confusa e entristecida que um dia foi a rainha sorridente de tão belo castelo.
Deixa eu varrer pra fora os problemas empilhados,
Os soluços abafados, as lágrimas que já deixaram manchas,
As pílulas na estantes e as lâminas guardadas à sete chaves.
Deixa eu ajudar a reconstruir, tijolo por tijolo,
O que um dia foi seu tão seguro castelo,
E pegar do chão o que um dia foi a sua coroa, limpá-la,
E com um sorriso no rosto, dizer:
"Vai! Vai voltar a ser rainha! Vai voltar a sorrir!
Que esse mero súdito que te ajudou a reconstruir esse castelo e devolver-lhe esta coroa
Agora será o cavaleiro que te ajudará a protegê-la."
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